1 de agosto de 2009

A minha avó Mª Helena (1918 - 2009)

A minha avó Lena celebraria hoje 91 anos de idade.

Há já quase oito meses que foi para junto do Pai!

No dia dez de Janeiro, Sábado, acordei de manhã, no Porto, e já a acabar de me arranjar reparei que tinha uma chamada não atendida do meu pai. Lembro-me que imediatamente o meu pensamento voou para a avó. Sabia desde o início dessa semana que a avó estava serenamente a diminuir a chama que foi a sua vida.

Liguei ao meu pai, e quando a minha mãe atendeu o telefone perguntei logo pela avó. Partiu hoje às sete da manhã! Serenamente e sem sofrimento.

Já vive a plenitude a que sempre aspirou e em que sempre esperou.

Paredes de Viadores cobriu-se com um manto de neve branca para se despedir da avó. Um manto branco para a guiar ao Céu diria logo a Tia Luisinha.

Nos últimos dois anos e meio vivi com a minha avó no Porto, na Rua de Santa Isabel, nº 88. E neste período, perante a fragilidade da avó há muito que me vinha preparando para o dia em que a veria partir. Se num primeiro momento mantive o sangue-frio, num segundo deixei-me levar pela imensa avalanche de sentimentos e memórias que me assaltou.

A minha avó é uma referência marcante e determinante no homem que hoje sou e em que me tornei. O exemplo e testemunho que é marcou-me profundamente. Desde que partiu, peço todos os dias ao Pai que me ilumine e ajude a ser fiel a tudo aquilo que aprendi com a Avó Lena.

Com a Avó aprendi o valor da família. Guardo inúmeras histórias de avós, tios e primos, que a avó tanto repetia nestes últimos anos. Em comum têm todas a transmissão de valores nobres e altruístas, do serviço ao próximo, de uma fé inabalável e uma fidelidade levadas às últimas consequências.

Também com a avó aprendi a ser paciente, a saber esperar em Deus. Quantas vezes não a vi eu esperar sentada numa cadeirinha no hall de entrada de Santa Isabel, sempre com o intuito de não fazer esperar quem a viesse buscar… E oferecia sempre esse tempo ao Pai!

A preocupação constante da avó era não incomodar ou dar trabalho a terceiros. Dizia sempre que não precisava de nada, que estava bem, que ia andando.

Gostei tanto de a mimar nestes últimos dois anos e meio. Era tão fácil fazer a avó rir e ficar cheia de alegria, ora com as notícias que lhe trazia, ora com a leitura de alguma carta ou relato de viagem mais antiga. Já praticamente sem ver, valia-lhe a cerebroteca de que tanto se gabava: bastava pronunciar Moledo, Pensos, Braga ou Coimbra, que logo fechava os olhos e se imaginava a passear junto ao mar com a água a beijar-lhe os pés, sentada no banquinho da avó, a entrar na Livraria Cruz ou a brincar com as primas nas Lágrimas…

Guardo com particular carinho o passeio que fizemos há um ano junto ao mar na Foz. Num final de tarde magnífico levei a avó que a certa altura pediu para se sentar e ficar simplesmente a escutar o mar, já que mal o podia ver… e ali ficámos durante dez minutos. Os mais deliciosos de que tenho memória. Estava mesmo feliz por ter visto o mar. Prometi-lhe que voltávamos a lá ir em Setembro, mas já não chegamos a ir por causa da hospitalização.

Conversava muito com a avó, e partilhei tudo o que me ia acontecendo, tudo aquilo por que ia passando. Tinha sempre uma palavra de conforto, de ânimo e de esperança para me dar. Ficava feliz com as minhas alegrias e triste com as minhas atribulações, rezava muito por mim e por todos os muitos netos que tinha. Eu apenas o sentia de uma forma particular.

Várias vezes me têm vindo as lágrimas aos olhos nos últimos meses de tantas e tão boas memórias que guardo da avó.

Tenho a certeza de que nos acompanha, e de que intercede por nós juntamente com o avô Francisco, que tanto recordava e fazia presente.

1 de dezembro de 2008

Mensagem de Sua Alteza Real D. Duarte de Bragança

« Portugueses:

No 1º de Dezembro de 1640, os nossos antepassados devolveram Portugal aos Portugueses. Souberam responder à crise do seu tempo, lutando pela nossa independência. Hoje, olhamos para o nosso país, e vemos que se acentua a dependência externa e a obediência a directivas quantas vezes alheias à nossa própria vontade.

Anunciam-se dias difíceis. Parece evidente que 2009 será pior que os já duros anos recentes, particularmente para os mais desfavorecidos. É nos momentos de provação que se testa a alma de um povo. Para enfrentar a crise e manter a coesão social devemos invocar os valores espirituais da nossa cultura e vivermos em coerência com a nossa identidade e tradição. O reforço dos laços familiares, o sentido de comunidade e de povo são atitudes urgentes e decisivas em alturas como esta.

Enfrentámos muitos problemas terríveis ao longo da nossa História, que o nosso ânimo conseguiu ultrapassar. E daqui apelo aos instintos de iniciativa e solidariedade, de generosidade e de engenho.

É preciso ampliar a visão, ensaiar ousadia, e confiar a nós mesmos a garantia de desenvolvimento sustentado.

Vivemos uma ocasião propícia para rever as nossas prioridades. Devemos aprender a viver melhor consumindo menos, poupando os recursos limitados do nosso planeta. Para isso é importante apoiar a acção pedagógica de cientistas e organizações ambientalistas. Somos o país europeu com a menor percentagem de filiados nestes movimentos, que mereciam mais representação parlamentar.

A hora é de investir no povo português. As grandes opções para o nosso desenvolvimento têm agora uma oportunidade única para alterarem o rumo. Em vez de se deixar bloquear por falta de critérios técnicos ou por pressões de interesses, o Estado, o sector privado e as associações devem dar as mãos para ultrapassarmos as dificuldades. Queremos medidas mais justas e mais equitativas, e não apenas declarações que chegam tantas vezes tarde demais…

Como disse, a hora é de investir no povo português. É o que têm feito as famílias portuguesas que, com muito sacrifício, apostam na educação dos seus filhos. A qualificação dos jovens é indispensável e os movimentos de professores e de pais clamam por melhor Escola, em programas de ensino adequados, e pela dignificação e respeito pela missão dos professores.

A hora é de investir na terra portuguesa. É o que têm feito os agricultores que se recusam a abandonar a terra, contrariando as directivas desencontradas e a concorrência desleal por parte de outros países onde são muito mais apoiados. Portugal não precisa apenas de uma política de comércio livre; precisa sobretudo de uma política de comércio inteligente e justo.

Os nossos agricultores sabem produzir. Falta que saibam melhor associar-se e cooperar para distribuir os seus produtos directamente aos consumidores. Nos últimos dez anos perdemos 180 mil hectares de boas terras agrícolas comprometendo gravemente a nossa capacidade de produção de alimentos, acentuando a nossa vulnerabilidade. Ainda recentemente experimentamos os perigos que daí podem advir.

A hora é de investir no território português apoiando empresas inovadoras que recorram a energias alternativas.

Simultaneamente devemos combater os desperdícios energéticos e dar prioridade a transportes ferroviários e marítimos, como alternativas competitivas. A capacidade de auto-sustentação no plano energético é cada vez mais necessária. Por exemplo, modernizando as barragens hidroeléctricas já existentes, aumentaríamos a produção de energia em 20%.

O Estado deve promover e praticar uma política de gestão rigorosa dos seus recursos de modo a promover a nossa competitividade; deve ter um orçamento equilibrado para poder baixar os impostos de modo selectivo.

O Estado deve desistir das obras faraónicas, aumentar a produtividade da função pública, encorajar os investimentos privados que produzam riqueza, preferindo sempre bens e serviços produzidos em Portugal. Por exemplo, o facto dos fundos da Segurança Social não serem investidos exclusivamente em empresas portuguesas, contribui para a descapitalização nacional e para o desemprego.

Apelo aos partidos políticos para que não se deixem tornar em meros mecanismos de conquista do poder; que se lembrem que têm um papel decisivo nos debates sobre as doutrinas e as práticas políticas. Mas para isso, devem ser uma escola da cidadania, dialogando com as organizações não governamentais.

Este sentimento geral de que a democracia deve ser melhorada entre nós, levou-me a apoiar o recém-criado Instituto da Democracia Portuguesa, que tem já desenvolvido múltiplas e úteis actividades em várias regiões do país, em colaboração com diversas organizações e com as autarquias locais.

Em 1975 recuperámos as liberdades de expressão e de participação política que já existiam antes da revolução de 1910. Mas cada vez mais ouço especialistas e pessoas de bom senso a dizer: Portugal atrasou-se no séc. XX porque prescindiu do poder moderador do seu Rei, ao contrário de Espanha, Inglaterra e Bélgica, e outros países europeus, que prosseguiram na vanguarda do desenvolvimento.

Tenho percorrido o país de lés a lés. Sou sempre cordialmente acolhido pelos autarcas e pelas populações às quais agradeço o carinho que me dispensam. Nessas ocasiões, apercebo-me da grandeza do nosso património cultural, erudito e popular. Basta apreciar as nossas tradições culturais para me dar conta de como se formou a gente portuguesa, nas várias regiões em que se expressa a alma nacional. É este "produto interno bruto" que mantém em alta a bolsa de valores humanos em que nós devemos investir.

Quero aqui lembrar as numerosas homenagens a D. Carlos promovidas por várias Câmaras Municipais, com destaque para a ocasião em que o Chefe do Estado inaugurou a magnífica estátua erigida em Cascais.

Durante todo este ano tiveram lugar inúmeros eventos de carácter cultural em homenagem ao Rei e ao Príncipe Dom Luís Filipe, organizados pela Comissão D. Carlos 100 Anos, integrada na Fundação D. Manuel II. Salientou-se o congresso "Os Mares da Lusofonia" que reuniu representantes de todos os países que falam português. Pelo interesse suscitado, foi lançado o desafio de a realizar cada dois anos, em países diferentes.

Continuei este ano a colaborar com vários dos países nossos irmãos, especialmente a Guiné-Bissau, Angola e Timor, mediante programas de desenvolvimento rural e protecção ambiental.

Aproveito para saudar o Primeiro Ministro Xanana Gusmão, actualmente de visita a Portugal, como líder que soube conduzir o heróico Povo timorense na luta pela liberdade e agora o serve com seriedade e competência no caminho do progresso material e espiritual.

Saúdo o alargamento da CPLP esperando que em breve, Marrocos, o Senegal, as Ilhas Maurícias, a Guiné Equatorial e os nossos irmãos galegos possam fazer parte dessa comunidade. A Galiza procura afirmar a sua identidade cultural através da sua "fala", que está na origem do português moderno.

Tive a alegria de levar a minha Família ao país de minha Mãe, trineta do primeiro Imperador, Dom Pedro, para participar nas celebrações dos 200 anos da transferência do Governo e do Rei para o Brasil. Finalmente foi feita justiça ao tão caluniado D. João VI!

A crescente importância económica e política do Brasil no Mundo é um motivo de orgulho e de oportunidade histórica para Portugal. Felicito os nossos governantes por a saberem aproveitar.

Deixo para o fim a instituição militar que, desde a fundação de Portugal tem estado intimamente ligada ao nosso percurso colectivo. Hoje, defendendo Portugal "lá fora", tem contribuído de forma impar para o prestígio e afirmação nacionais e para a paz e a segurança da população portuguesa e das regiões em que tem operado.

A canonização, em 2009, de D. Nuno Álvares Pereira, patrono das Forças Armadas, será uma providencial ocasião para aprendermos com os seus exemplos de valentia e caridade, inteligência militar e política, e defesa intransigente da nossa liberdade e independência. Saibamos aproveitar essa oportunidade!

Do fundo da história vem uma certeza que os monges de Alcobaça redigiram numa das mais belas frases da monarquia portuguesa: "O rei é livre e nós somos livres!".

Neste convento do Beato, situado na Lisboa Oriental onde se começou a conspirar para o 1º de Dezembro, deixai-me hoje proclamar: "Eu sou livre e vós sois livres!". "Eu sou livre" e "Vós sois livres" porque ser monárquico é também defender Portugal acima de todos os interesses. Juntos poderemos renovar a democracia portuguesa pela Instituição Real que só poderá vigorar por vontade do povo, com o povo e enquanto o povo o entender.

A minha Mulher, eu, e os nossos filhos Afonso, Maria Francisca e Dinis, a isso nos comprometemos porque Portugal pode, Portugal deve, e Portugal quer continuar democrático e independente!

Todos os que pensarem que o sonho dos fundadores e dos restauradores ainda está vivo, venham ter connosco; e se alguém questionar este crescente sentir do poder do povo, a resposta é hoje, como o foi no primeiro 1º de Dezembro: "O rei é livre e nós somos livres!"

Convento do Beato, 30 de Novembro de 2008 »


Esta mensagem foi lida por S. A. R. o Duque de Bragança no dia 30 de Novembro de 2008 no Convento do Beato em Lisboa, estando presentes na sua leitura e jantar subsequente mais de 1000 pessoas de todo o país.

Viva o Rei! Viva Portugal!

19 de junho de 2008

A Educação Estatística

   A política de educação seguida pelo actual governo representa a meu ver tudo aquilo que um modelo de formação ou educação não deve ser.

Assistimos ontem a uma vigorosa defesa por parte da Sra. Ministra da Educação, Dra. Maria de Lurdes Rodrigues, dos recentes ‘bons’ resultados que os alunos dos 4.º e 6.º anos alcançaram nas provas nacionais de aferição de conhecimentos. Ao mesmo tempo a Sociedade Portuguesa de Matemática voltou a reiterar a excessiva acessibilidade e facilidade destes exames.

Não se trata aqui de saber se este exame em concreto era demasiado fácil ou pouco exigente, antes está em causa o grau de credibilidade da escola pública portuguesa e a sua capacidade de dotar os alunos portugueses de boas bases para que vinguem num mercado de trabalho cada vez mais global e cada vez mais competitivo.

Tenho para mim que a verdadeira reforma da educação e do ensino em Portugal é um projecto de médio prazo, o tempo necessário para, de facto, implementar e concretizar as profundas reformas que são precisas na escola pública. Os frutos de reformas profundas em sistemas educativos conhecem períodos longos de maturação porque naturalmente acompanham o crescimento dos alunos.

É por isso pouco crível, que um plano para a matemática, que começou a ser implementado nas escolas no ano passado, tenha alcançado os tão bons resultados que agora nos são apregoados. Mais ainda quando é público e notório que o problema da matemática em Portugal é verdadeiramente estrutural, uma vez que temos hoje professores nas escolas que resultam de um sistema educativo que conheceu as mesmas fragilidades senão mesmo superiores.

Não se pretende retirar mérito a quem fez as provas e as completou de maneira satisfatória. Motivar os alunos é algo de extremamente necessário, tal como o traçar os instrumentos de avaliação de acordo com o nível de ensino: o grau de exigência deve ser directamente proporcional à exigência na leccionação.

O que verdadeiramente me assusta neste episódio – reforçado e em linha com as posições adoptadas pelo Ministério desde que se encontra sob a tutela da Dra. Mª de Lurdes Rodrigues, e de que o exemplo último é a posição desta face às retenções, vulgo ‘chumbos’ – não são os resultados positivos que os exames apresentaram, mas sim a obsessão pelos resultados estatísticos, onde tudo vale desde que os índices de aproveitamento escolar subam.

Esta política de educação não dignifica o país e muito menos o prepara para responder aos desafios da globalização. As sucessivas apostas na educação falharam e continuam a falhar porque verdadeiramente ainda ninguém quis ver a educação como a grande aposta. E quando digo educação não me refiro à atribuição de diplomas e afins, refiro-me sim à verdadeira aposta no conhecimento e formação dos portugueses.

9 de junho de 2008

Debate Sério

" APESAR DE TANTO ELOGIO, REIS SÃO CADA VEZ MENOS

Foi por culpa da loucura do sobrinho que Gyanendra se tornou um dia rei do Nepal. Enraivecido pelo excesso de álcool e por um desgosto de amor, o príncipe herdeiro matou a tiro de metralhadora quase toda a família durante uma noite de Junho de 2001 e suicidou-se. De repente, o pequeno país dos Himalaias trocava o popular rei Birendra pelo seu irmão mais novo, um homem de negócios obcecado pelas virtudes da astrologia e que nunca conseguiu cair nas graças dos nepaleses. A recente vitória dos ex-rebeldes maoístas nas eleições para uma assembleia constituinte selou o destino de Gyanendra. Ao fim de apenas sete anos, a monarquia foi derrubada e o outrora todo-poderoso soberano é hoje uma figura solitária, refugiado num palácio em Catmandu que tem ordens para abandonar. O chefe dos maoístas, aliás, preferia que este tivesse logo abdicado. A uma televisão, Prachanda, "o irredutível", advertiu que "no passado houve monarcas que foram decapitados ou tiveram de fugir. Esperemos que não se repita no Nepal".

Matar monarcas foi comum na história, sempre com o pretexto de que se tratava de tiranos, gente indiferente ao sofrimento do seu povo. Que o diga Carlos I de Inglaterra, decapitado em 1649, Luís XVI, guilhotinado a seguir à Revolução Francesa de 1789, ou Alexandre II da Rússia, morto à bomba em 1881. Regicídios aconteceram igualmente na Suécia, na Itália, na Sérvia ou na Grécia. E até em Portugal, em 1908, sendo a vítima um D. Carlos que era tudo menos déspota (na verdade, um humanista, amante das artes e da ciência), mas que teve o azar de encarnar uma instituição que os republicanos estavam dispostos a derrubar. O que conseguiram num 5 de Outubro, passados dois anos. Os tempos estão diferentes. E Gyanendra é um ex-monarca com sorte.

É verdade que algumas monarquias constam entre os países mais ricos do mundo. A Noruega tem o segundo melhor índice de desenvolvimento, o Japão a segunda economia mais poderosa. Mas apesar da boa fama de que actualmente desfrutam os reinos (graças também ao sucesso de britânicos, espanhóis, suecos, dinamarqueses e holandeses), a verdade é que cada vez são menos. A última vez que uma monarquia se extinguiu foi em 1979, com o triunfo da Revolução Islâmica no Irão. Agora, com a deposição de Gyanendra ficam a ser 43 (em mais de 190 países na ONU) e mesmo assim cerca de dezena e meia partilham como soberana Isabel II de Inglaterra.

Portugal celebra dentro de dois anos o centenário como república. E se existem monárquicos orgulhosos, pouca gente imagina, porém, o Presidente Cavaco Silva a ceder o lugar a Duarte Pio de Bragança. O que não significa que faça sentido a recente patetice de pôr em causa a nacionalidade do candidato ao trono. Segundo o semanário Sol, alguém invocou a lei que baniu a família real do País para questionar o portuguesismo de Duarte Nuno, pai de Duarte Pio, ou mesmo se o actual duque de Bragança nasceu mesmo na Embaixada em Berna. Que o queiramos para rei é discutível, mas que é português, basta vê-lo e ouvi-lo para ter toda a certeza disso. "

Leonido Paulo Ferreira
leonido.ferreira@dn.pt
Jornalista

in Diário de Notícias, 09 de Junho de 2008


Este Comentário é para mim a prova de que o debate sobre regime se pode fazer de forma civilizada sem cair nos ataques pessoais em que o debate monarquia/ república recorrentemente cai em Portugal. Fica o meu muito obrigado ao jornalista Lionido Ferreira. Ainda que discorde em absoluto das conclusões a que chega. 
Haja debate de ideias, e que o haja de forma séria e com mútuo respeito!




16 de maio de 2008

A Força De Criar!

Deixei de escrever sobre política há já algum tempo, e é com gosto que o faço novamente. A razão que me leva a escrever estas notas é o surgimento do MEP, o Movimento Esperança Portugal, não porque esteja empenhado na sua implantação ou sequer porque partilhe dos ideais por este defendidos. A verdade é que ainda não os li e apenas conheço muito ao de leve, da leitura e acompanhamento que faço através dos jornais e noticiários.

Então porquê escrever sobre política?

Assisti esta semana a uma conferência no CUPAV – Centro Universitário Pe. António Vieira, em Lisboa, subordinada ao tema ‘Partidos Políticos – Criar ou Reciclar’ que teve como oradores o Dr. Rui Marques, representante do MEP e o Dr. Filipe Anacoreta Correia, militante do CDS-PP. Não podia ter sido uma noite melhor passada, quer pela serenidade e seriedade do diálogo, quer pela adesão e participação que teve por parte de tantos universitários como eu.

Foi a primeira vez que tive oportunidade de contactar de perto com o MEP e com o espírito que rodeia aqueles que o estão a dinamizar.

Fascinou-me verdadeiramente neste projecto a força de provocar a mudança que ele representa. Um punhado de pessoas que ainda vê na política uma forma de servir a comunidade e a sociedade. Mais do que os ideais que os move, é fascinante presenciar a forma como querem remar contra a maré de desconfiança e falta de credibilidade em que caíram os protagonistas da actividade política nacional.

Andemos pela rua, e mencione-se o nome de um qualquer político, ou refira-se simplesmente a classe, e de imediato choverão críticas de corrupção, interesses e compadrios. Uma crítica que peca por julgar todos, pelo comportamento de alguns muitos. Uma crítica que de tão repetida já é anedota nacional.

Esta crise é tal que coloca em causa as bases da democracia, porque afasta os cidadãos do serviço mais nobre e altruísta que pode ser a actividade política quando exercida com rectidão e humildade. Confesso que eu próprio me desencantei há já alguns anos, quando percebi que os meandros das juventudes partidárias, supostamente instrumentos de iniciação e consciencialização políticas, reproduzem exactamente os mesmos vícios e jogos de interesses dos partidos que as apadrinham.

Diziam-me que o mundo não era para os idealistas, tinha eu 18 anos, e via amigos meus filiarem-se para terem acesso a umas jantaradas simpáticas e a preços juvenis… Os interesses eram inocentes mas já lá estavam.

Quero acreditar que « todo o mundo é composto de mudança », e que é possível fazer mais e chegar mais longe por Portugal. O que nos faltam são MEPs da esquerda à direita, do centro ao extremo, MEPs dentro dos partidos, MEPs nas ruas, nos jornais e na boca de cada um. Temos que ser ambiciosos na reforma que queremos para Portugal, uma reforma que se faz antes de mais na consciência participativa de cada um. A boa moeda acaba sempre por afastar a má!

O MEP pode nem sequer conseguir reunir o número de assinaturas de que precisa para se constituir com partido político, mas já fez muito por Portugal ao nos relembrar que  melhor é possível.

4 de novembro de 2007

Salvador Dali No Porto

Encerra hoje a exposição de Salvador Dalí que, desde Agosto deste ano, esteve patente no Palácio do Freixo, no Porto. 

Esta exposição, promovida pela Câmara Municipal do Porto e pela Caixa Geral de Depósitos, trouxe até ao Porto uma série de esculturas e centenas de litografias e gravuras do mestre surrealista catalão.

Tive oportunidade de visitar esta exposição e confesso que gostei particularmente da série de 105 gravuras que Salvador Dalí produziu para uma edição italiana da Bíblia Sagrada.
Estas gravuras, particularmente expressivas, dinâmicas e arrojadas, contribuiram para que eu desse um outro valor à obra de Dalí.
     
Toda a exposição revela a genialidade do traço e da arte de Dalí, numa abordagem que escapa ao paradigma das suas pinturas surrealistas mais famosas e notórias. Todo o trabalho da cor, do traço, dos materiais, da composição e do objecto das várias obras expostas, é prova disto. 

A iniciativa de trazer ao Porto esta exposição, a que acresceu o abrir de portas do Palácio do Freixo a todos os portuenses, é verdadeiramente meritória e devemos felicitar a CMP e a CGD.

Imagem: Biblia Sacra, Gravura 33

24 de janeiro de 2007

Debate & Esclarecimento na SIC Notícias

A SIC Notícias têm feito verdadeiro serviço público ao promover o esclarecimento e o debate de ideias na sua grelha de emissão.

Nota muito positiva merecem os contrapontos emitidos duas vezes ao dia, com duração de cerca de dez minutos na Edição da Manhã e no Jornal das 2.

Nota positiva merece também o destaque dado no próprio sítio na internet

Parabéns à direcção de informação do canal